
A pecuária leiteira é uma atividade que exige muitos cuidados para produzir de forma racional, eficaz e com a máxima qualidade. Porém, de nada adianta ter uma estrutura excelente se a resistência do rebanho é reduzida ou até mesmo negligenciada.
Para produzir leite em quantidade e com qualidade, é essencial que o rebanho esteja sadio. Por isso, há a exigência da adoção de um programa mais efetivo de manejo sanitário, que inclui o uso de variados procedimentos que visem melhorar a resistência do rebanho.
Mas é importante que o produtor entenda também que três fatores associados à resistência do rebanho precisam ser considerados: genética, sanidade e sistema de produção. O conjunto desses fatores contribuem para o aprimoramento da resistência do rebanho leiteiro.
Genética leiteira: características que contribuem para resistência do rebanho
Nos trópicos, a pecuária leiteira depende do potencial de produção dos animais e da capacidade de adaptação ao ambiente. Por isso, a produção leiteira apresenta diversas raças que possuem requerimentos diferentes, sejam nutricionais, sanitários e de bem-estar.
Nesse sentido, é preciso identificar qual raça que melhor se adapta ao sistema de produção, ao clima e às características disponíveis na propriedade. Para isso, a escolha deve se basear nas seguintes características:
· Adaptação ao clima;
· Rusticidade;
· Resistência a ectoparasitas;
· Cascos fortes e boa capacidade de pastejo;
· Teor de sólidos do leite;
· Precocidade sexual;
· Persistência de lactação;
· Bom temperamento e potencial de produção
Vale ressaltar também a evolução genética das raças criadas no Brasil, fomentada pela atuação de produtores rurais e de profissionais técnicos especializados e qualificados na área.
Pesquisas têm contribuído para o aprimoramento das melhores características genéticas, por meio do cruzamento entre as diversas raças existentes, com ganhos em rusticidade, produtividade e, principalmente, resistência a doenças e parasitas.
Sanidade: a vacinação é importante e obrigatória na pecuária
A vacinação é uma prática extremamente importante na produção leiteira, podendo ser obrigatória ou não. Em ambos os casos, a vacinação tem por objetivo a prevenção (ou erradicação) de doenças infectocontagiosas, além de reduzir perdas econômicas.
A vacinação possibilita aumento da resistência do rebanho leiteiro, contribuindo para:
· Aumentar a imunidade dos animais contra patógenos específicos;
· Prevenir a ocorrência e disseminação de doenças;
· Promover o bem-estar animal;
· Minimizar prejuízos econômicos como perdas na produção e reprodução
As vacinas que devem ser aplicadas em bovinos obrigatoriamente são: Brucelose e Febre Aftosa. A Brucelose é uma doença infecciosa capaz de causar aborto nos animais. Para prevenir, a vacina B19 deve ser aplicada nas fêmeas entre três e oito meses.
Já a Aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta animais biungulados (com casco partido), caso dos bovinos. Ela deixa os animais fracos e com falta de apetite. Por isso, há a obrigatoriedade anual de vacinação contra a aftosa.
A vacinação contra essa doença costuma ocorre no mês de maio para todos os bovinos e bubalinos independentemente da idade, e no mês de novembro para o rebanho abaixo de 24 meses. Em algumas regiões do Brasil, a exigência da vacinação acontece duas vezes ao ano. Portanto, é importante ficar atento às datas que são divulgadas anualmente no site do MAPA.
Há outras doenças que afetam a resistência dos bovinos, que podem ser prevenidas via vacinação (não obrigatória).
A vacina contra as clostridioses deve ser aplicada em todos os animais, com a primeira dose recomendada a partir dos dois meses de idade com reforço 30 dias após em bezerros filhos de mães vacinadas. Recomenda-se também revacinar todos os animais anualmente.
Já a vacinação contra o botulismo costuma ser feita em regiões onde haja a ocorrência dessa doença. Recomenda-se o uso de duas doses iniciais com quatro a seis semanas de intervalo e a seguir uma dose anual em todo o rebanho.
Sistema de produção: exigências que afetam a resistência do rebanho
As exigências e a resistência do rebanho leiteiro também dependem e variam de acordo com o sistema de produção adotado. Este pode afetar o desempenho dos animais, assim como as práticas de manejo utilizadas na propriedade.
Para aumentar a resistência do rebanho é preciso definir o sistema de produção a ser adotado. Cabe ao produtor optar pelo sistema que melhor se adapte às inúmeras variáveis dos recursos físicos, vegetais, animais e econômicos disponíveis na propriedade.
Basicamente há três sistemas de produção mais adotados na pecuária:
Sistema extensivo - Consiste na criação de animais a pasto. A pastagem é a base da alimentação e as instalações são simples, limitadas a um curral onde as vacas são ordenhadas.
Neste sistema, os animais são mais propensos às infestações parasitárias, exigindo a adoção de medidas para controle de vetores, além de tratamentos específicos em caso de infecção.
Sistema semi-intensivo –Sistema em que os animais são criados a pasto e recebem alimentação com forrageiras de alta capacidade de suporte. Permite a aplicação de processos tecnológicos na criação, com práticas de aleitamento artificial e inseminação artificial, além de cuidados padrão que aumentam a resistência do rebanho.
Sistema intensivo – Neste sistema, as vacas leiteiras são mantidas confinadas em estábulos de ordenha ou galpões e alimentadas no cocho com forragens conservadas, como silagens e fenos. É mais recomendado para gado de alto padrão genético, já que possui um elevado custo.
Por apresentar animais sempre confinados, o sistema intensivo exige maiores cuidados quanto às doenças transmissíveis. Desse modo, a manutenção da resistência do rebanho depende de vacinação, acompanhamento veterinário constante e limpeza/desinfecção das instalações e utensílios. Gostou deste artigo? Quer saber mais detalhes? Acesse o nosso e-book sobre o tema!
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